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Os novos desafios da integração europeia

Os novos desafios da integração europeia

17 de Julho de 2014

Debate de grande qualidade entre Carlos Coelho, Vítor Martins e Luís Amado evidenciou os principais desafios e exigências que se colocam ao processo de construção europeia. Houve muita convergência de pontos de vista e a certeza comum de que o ano de 2015 será decisivo para a coesão na Europa.   

Em jeito de introdução, o deputado europeu do PSD, Carlos Coelho, abriu a sessão referindo o legado do PSD no processo de integração e a forma como Francisco Sá Carneiro posicionou o partido ainda antes do 25 de Abril: “Não existia ainda o PSD e já afirmava que Portugal precisava de se reencontrar com a Europa. E disse, ainda, mais tarde, que para o PSD a Europa não era uma questão económica”: [“queremos entrar na Europa democrática não apenas por motivações económicas mas sobretudo pelo projecto subjacente”]. Referia-se o fundador do PPD/PSD à filiação democrática mas também à circunstância de o Portugal orgulhosamente só, o Portugal que estava alheado da vida europeia, ter de se reconciliar com o resto do continente e fazer parte dessa família democrática alargada”. 

De seguida, Carlos Coelho apresentou os restantes intervenientes neste painel. Vítor Martins, um homem crucial na primeira presidência portuguesa da União Europeia como Secretário de Estado da Integração Europeia. E Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros, peça fundamental na terceira vez que Portugal teve que exercer a presidência do Conselho da União Europeia. Isto é, dois dos principais protagonistas da afirmação de Portugal na Europa.

Desafios do presente

Na qualidade de convidado e distinto militante do Partido Socialista, Luís Amado começou por agradecer o convite. 

Abordando o primeiro tema da noite, o orador considerou que o País se encontra num período absolutamente crítico da integração europeia. “Desde o regime saído do 25 de Abril, e depois da curta deriva revolucionária que se seguiu, a visão de Sá Carneiro não foi diferente da de Mário Soares e mesmo da de Freitas do Amaral. Desde então, o País viveu 40 anos de paz, de estabilidade política e de estabilidade estratégica que o transformaram completamente”. Neste período, afirmou, “o País convergiu com a média da União Europeia. Mas a partir da entrada na união monetária, o País entrou num processo de divergência em relação à União Europeia. Dados muito alarmantes que se acentuaram com o período de ajustamento dos últimos 3-4 anos”. 

Para Luís Amado, a explicação para este facto reside na integração numa união monetária de moeda forte, como é o euro, dada a projecção dominante que tem a ortodoxia do marco alemão na sua génese. 

“Acredito mesmo que se trata de um período decisivo também  para a própria consolidação do regime democrático”, realçou. 

Prosseguindo, Luís Amado defendeu a necessidade de garantir, no quadro dos partidos que têm ao longo dos últimos 40 anos sustentado um horizonte estratégico estável para o País, a consequente estabilidade política e governativa. Um objectivo que exige um diálogo mais aprofundado entre os partidos do arco da governação. 

Já o ex-Secretário de Estado da Integração começou por considerar que a actual crise que vivemos “ensombra um pouco daquilo que a integração europeia representou para o nosso país”. E que foi muito, na sua opinião! ”A Europa teve um papel decisivo no percurso de Portugal nos último 40 anos. Cito o Professor Ernâni Lopes, grande obreiro da integração de Portugal, social-democrata convicto, e que, na adesão dizia que a integração europeia representava para Portugal um duplo D: o binómio democracia-desenvolvimento”

 Vítor Martins sublinhou ainda que, do ponto de vista de Portugal, a integração europeia tem hoje dois desafios fundamentais: pode ser o factor que faça Portugal e a economia portuguesa retomar os caminhos de crescimento económico e da criação de emprego; e como pode ajudar Portugal a projectar-se mais no mundo de hoje, nomeadamente a nível global.