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José Matos Rosa: «Afinal, nunca houve montanha…»
06 de Maio de 2015
Ao longo de um ano, o PSD celebrou os quarenta anos já passados sobre o 25 de Abril e o 6 de Maio, data da fundação institucional do então PPD, já que a sua matriz ideológica estava traçada desde a oposição ao Estado Novo efectuado pela Ala Liberal. Nesta homenagem, foi bom recordar episódios memoráveis e figuras marcantes do partido, companheiros que connosco foram construindo o caminho de um projecto social-democrata para Portugal.
Mas revisitar o passado não é um mero exercício saudosista. A análise do processo histórico serve precisamente para nos ajudar a construir novos caminhos e procurar novas soluções, num mundo cada vez mais globalizado e caracterizado pela imprevisibilidade. Um partido como o PSD, que se caracteriza desde a sua fundação pelo espírito reformista, afirma-se como a grande força colectiva que congrega o desejo constante da maioria da sociedade portuguesa em encontrar alternativas de futuro.
Por isso elaborámos a proposta “Uma social-democracia para o século XXI”, um documento aberto à reflexão de todos os que desejam participar na construção de uma sociedade com cada vez mais e melhores oportunidades para os portugueses. Coube a Francisco Pinto Balsemão, nosso fundador e militante nº 1, a redacção final, em que empenhou o mesmo entusiasmo e dedicação com que há 41 anos fundou o PPD. Daqui lhe envio a minha mais cordial saudação e penhorado agradecimento.
Pelo contrário, outros há que apenas desejam olhar para o passado para o poder trazer de volta. Veja-se o que aconteceu ainda tão recentemente com o Partido Socialista. A partir da sua nova liderança, conseguiu através do silêncio criar uma enorme expectativa na sociedade portuguesa. Quando o silêncio se tornou ensurdecedor, com as suas próprias bases partidárias envoltas em confusão, a liderança do PS propõe agora um conjunto de intenções abstractas e retóricas, sem quantificação nem boas contas, num exercício de mera ilusão económica encomendado ao exterior.
Sem capacidade para definir a tão propalada alternativa às opções do Governo, o Partido Socialista propõe uma mão cheia de nada e que apenas esconde um inevitável regresso a 2011. Ao despesismo, às promessas fáceis a tudo e a todos, ao desprestígio internacional, à hipoteca do futuro.
Diz o povo que, afinal, a montanha pariu um rato. Mas, para todos os que já andam por aqui há uns largos anos, é caso para dizer nunca houve montanha… Porque o PS não consegue libertar-se de antigas e novas teias que aprisionaram e condicionaram a sociedade portuguesa a uma feroz tutela dos cofres públicos esquecendo que este é o dinheiro de todos os contribuintes.
Mas o PS esquece ainda, por mais bonito que seja o seu canto da sereia, que o povo português vai rejeitar regressar ao passado. Portugal não quer voltar a sofrer a humilhação de uma troika impositiva, chamada à pressa pelo PS, para resolver os buracos deixados num país à beira da bancarrota.
Os portugueses estão agora mais cientes das suas capacidades e potencialidades individuais e colectivas – trabalhadores, empresários e pensionistas -, mais habilitados a empreender a construção de uma sociedade mais justa com uma redobrada força empreendedora. Podia aqui falar dos sucessivos recordes das exportações, da recuperação paulatina de empregos, da diminuição do défice, do crescimento da economia, do pagamento antecipado aos nossos credores, das taxas da dívida a bater mínimos de sempre desde o 25 de Abril.
E estas são apenas algumas das virtudes do actual Governo que, passo a passo, tem vindo a devolver a esperança aos portugueses. Ou falar, ainda, dos excelentes resultados eleitorais obtidos pelo PSD na Madeira e que deitaram por terra as previsões catastrofistas de tantos e tantos sábios analistas… Prefiro não vos maçar com factos que estão à vista de todos. Factos comprovados e auditados por entidades independentes e exteriores ao PSD.
Queremos ficar por aqui? Chega-nos?
Não. O PSD quer muito mais para Portugal e as propostas que, em consonância com as necessidades sentidas pela sociedade, vai lançar ao eleitorado ainda este ano destinam-se a reforçar o caminho prosseguido até agora. Um caminho de seriedade, rigor e transparência, tendo sempre em atenção as novas dinâmicas sociais e as necessidades intergeracionais.
Por tudo isto, foi bom olharmos para trás neste último ano de comemorações. E ganhar a consciência que estamos a prolongar pelo século XXI o ímpeto reformista e de transformação iniciado pelos nossos fundadores há 41 anos. Pelo valor do que está em causa, apelo a todos os companheiros para um redobrado trabalho e entusiasmo numa altura tão crucial para o futuro do nosso país.
Sei que, uma vez mais, podemos contar com todos. Bem hajam.
José Matos Rosa
Secretário-geral do Partido Social Democrata
Artigo escrito para a edição especial do Povo Livre, de 06 de Maio de 2015