04 de Dezembro de 2014
Por Francisco Pinto Balsemão, presidente das comemorações dos 40 anos de Democracia, 40 anos de PSD
Quando o Presidente do Partido me convidou para presidir às comemorações dos 40 anos do PSD, aceitei, com muita honra, por duas razões:
1) Por entender que era meu dever aceitar. Sou o militante nº 1, sou infelizmente o único fundador vivo dos três que, a 6 de maio de 1974, anunciaram ao país a criação do Partido Popular Democrático. Tinha e tenho, portanto, responsabilidades históricas, e não só, e não as enjeito.
2) A segunda razão está ligada ao coração. Na política, não pode haver só cabeça. Não podem existir só justificações demasiado racionais. Há também a razão do coração. Eu gosto do nosso partido! Eu gosto do PSD. Eu continuo a achar que o PSD é o mais português de todos os partidos portugueses.
Além disso, claro, continuo a entender que a opção pela Social Democracia é válida, é necessária, em plena 2ª década do século 21.
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As comemorações dos nossos 40 anos tiveram e terão sempre como primeira e grande referência a vida, a obra, as palavras e a ação de Francisco Sá Carneiro. Isso ficou bem claro na grande comemoração de 6 de Maio passado, no Porto, tem sido nítido nas diversas sessões realizadas em capitais de distrito e, em muitos casos espontaneamente, por todo o nosso País. E continuará a ser marcante e dominante até 6 de Maio de 2015. A partir de 4 de Dezembro, circulará por todo o Portugal, uma exposição cujo título será: “Sá Carneiro: Por uma social-democracia portuguesa”.
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Decorridos 40 anos, homenageamos, como é óbvio, o passado. Recordamos que muitos dos que estiveram na origem do nosso Partido já tinham atividade política corajosa e coerente antes do 25 de Abril e propuseram uma terceira via, que nada tinha a ver com o que então se chamava “Situação”, nem com o que então se chamava Oposição. Recordámos também os tempos difíceis da implantação do partido, em Portugal e junto das nossas comunidades residentes no estrangeiro e já homenageámos e continuamos a homenagear os militantes da primeira hora – ainda temos, felizmente, 1400 militantes que este ano cumprem 40 anos de partido.
Para isso, os critérios de convites foram o mais abrangentes possível. Ou seja: convidamos todos os que deram algo do seu esforço ao PSD, mesmo os que mais tarde tenham optado pela desfiliação. Muitos vieram, e ficámos satisfeitos. Outros preferiram não vir, e tivemos pena. Mas nunca faremos a História à maneira da Enciclopédia Soviética.
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Temos celebrado também o percurso do PSD nestes 40 anos. A contribuição notável que demos para a consolidação e o funcionamento da democracia. A influência grande que tivemos na adesão de Portugal à União Europeia, na normalização das relações com as ex-colónias, no encontro de uma solução para a questão de Timor-Leste. As reformas fundamentais que introduzimos nas mais diversas áreas: no poder regional e no poder local, na saúde e na educação, no exercício da liberdade de expressão e no ambiente. Sem nunca esquecer a nossa presença constante no mundo sindical e no mundo estudantil.
Tudo isso tem sido, e será, justificadamente, lembrado e relembrado.
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Mas sempre com os olhos postos no presente e no futuro, na social democracia do século 21, num país, que está felizmente a sair do estado deplorável em que se encontrava, mas onde ainda há muito a fazer, em termos de justiça social, de progresso, de abertura de horizontes para as gerações mais novas, de melhoria de condições para as gerações mais velhas.
Os 40 anos do nosso PSD são um bom motivo para festejar. Mas são também uma excelente oportunidade para meditar. Para meditarmos na forma de alcançar – pela via social-democrata, os objectivos que Francisco Sá Carneiro definiu quando afirmou: “não queremos apenas uma democracia formal e política, queremos também uma democracia económica, social e cultural”.
40 anos depois, prosseguimos o nosso caminho, com confiança e com coragem.
Hoje, como sempre, norteados pelos valores em que assenta o nosso ideário social democrata: a liberdade, a igualdade e a solidariedade.