09 de Março de 2015
[Só faz fé versão lida]
"Os dados foram lançados há 40 anos. Quando a 6 de Maio de 1974, Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota anunciavam a fundação do PPD, a social-democracia chegava ao panorama político português.
O PSD nascia da vontade de um grupo de homens e de mulheres que acreditavam no nosso país e que manifestavam uma vontade genuína de fazer política.
O PSD triunfa na “confluência de diferentes legados: social-cristão, social-liberal com afloramentos social-democráticos e social-tecnocráticos”.
Sá Carneiro tinha uma capacidade de liderança única; Pinto Balsemão, uma energia inesgotável; Magalhães Mota projectava o sentido de organização.
Falar dos primeiros tempos do PSD é recordar o legado político de uma das maiores referências do nosso Partido e de Pombal: Carlos Mota Pinto. Professor universitário, Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, Primeiro-Ministro, vice-Primeiro-Ministro, Ministro da Defesa, Ministro do Comércio e Turismo, Presidente do PSD, Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, Presidente do Grupo Parlamentar… Mota Pinto era um homem de carácter… e um orador admirável. No primeiro grande comício nacional, no Pavilhão dos Desportos, a 25 de Outubro de 1974, Mota Pinto declarava: “Ontem éramos alguns. Hoje somos muitos. Amanhã, quando o povo escolher livremente e sem coacção, seremos milhões”. Mota Pinto faz parte da identidade do nosso Partido e da história democrática de Portugal. Mota Pinto foi um democrata, um homem de convicções.
Chegou a entrar em ruptura com Sá Carneiro em 1975 e mais tarde reconciliou-se. “Morreu Mota Pinto - Perdemos um patriota, honremos o seu exemplo”, titulava o “Povo Livre”, a 8 de Maio de 1985, um dia após a sua morte.
Os grandes líderes deixam-nos por vezes de forma inesperada.
Mota Pinto marcou um tempo. Mota Pinto foi um sinal do tempo.
Ao contrário do que se diz, o PSD não ficou mais pobre com a sua ausência.
O PSD ficou mais rico, porque teve ao seu serviço um homem de Estado Mota Pinto sabia o que era melhor para o país.
O PSD ficou mais rico por causa do sentido patriótico de Mota Pinto. Um jurista eminente, um homem de cultura, de dignidade nas posições que assumia. Também Moa Pinto defendia que a Pessoa devia estar no centro e ser o destinatário de toda a actividade política.
Os direitos humanos, os valores da justiça e da solidariedade estavam presentes em cada acto político. Mota Pinto sempre acreditou em Portugal e nos portugueses. Em toda a história do Partido Social Democrata tivemos oportunidade de conhecer um pouco de tudo.
Tivemos governos mais populares e outros menos populares. Tivemos líderes mais carismáticos e outros menos carismáticos. Tivemos líderes mais consensuais e outros menos consensuais. O PSD é um partido que gera paixões, um partido que movimenta multidões, um partido que alimenta discussões e suscita polémicas. Um partido que, ao longo de toda a história, nunca deixou de lutar contra a apatia, contra a indiferença, contra a inactividade. Um partido que nunca gostou de ficar parado, estagnado, perdido.
Todos os partidos têm defeitos e, como não é excepção, podemos acusar o PSD de algumas coisas. Mas aquilo de que o partido não pode, em circunstância alguma, ser acusado é de conformismo. O PSD nunca se conformou. O PSD nunca abandonou uma causa.
O PSD nunca passou pelo governo sem mudar aquilo que fosse necessário. O PSD sempre marcou a diferença. Foi esta coragem política e verticalidade cívica que transmitiu ao partido e que o partido absorveu no essencial da sua natureza. Há tantas marcas na prosa e oratória de Carlos Mota Pinto.
A 7 de Dezembro de 1973, dizia: “O PPD/PSD foi o maior, o mais precioso legado que Sá Carneiro deixou a Portugal e à democracia portuguesa. Esse legado tem de ser ciosamente guardado, esse legado tem de ser defendido com determinação, com tenacidade e, também, com clarividência. É um dever que se impõe a todos, e estou seguro, estou inabalavelmente convicto que os militantes e simpatizantes sociais-democratas o farão. Pela minha parte, neste espírito, procurarei contribuir para servir Portugal, para servir a democracia portuguesa”.
A 25 de Outubro de 1974, afirmava: “Hoje somos muitos. Amanhã, seremos milhões” Em 1975, expressava: “Milhões de portugueses democratas não querem Praga nem o Chile”. A 9 de Setembro de 1984… “A Social-Democracia significa abrir o sistema”. Em 1983: “Lutaremos no plano das ideias e não no lodaçal da calúnia”. Recordando Mota Pinto, podemos dizer: A morte física não apaga a palavra e a obra dos mestres!!! Mota Pinto é também o nosso futuro! Agradeço o amável convite para participar nesta sessão evocativa de Carlos Alberto Mota Pinto, e com esta mesa de ilustres militantes do nosso Partido".
*As citações e referências transcritas constam de “A Revolução e o Nascimento do PPD”, de Marcelo Rebelo de Sousa (Vol. I) e, sobretudo, do Povo Livre.
Pombal, 7 de junho de 2014