Da minoria à maioria absoluta em Mafra
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01 Fevereiro 2015
Distrito: Lisboa Autor: José António Dias Pestana

Da minoria à maioria absoluta em MafraJosé António Dias Pestana, jurista, 60 anos de idade, guarda como melhor recordação do PPD/PSD o terem “dado a volta por cima” e terem tido “todas as vitórias que tivemos durante estes anos todos. O trabalho gratificante que houve, os sacrifícios pessoais e profissionais que deram fruto e que hoje ainda se mantêm.”


Foi em Lisboa que ouviu falar pela primeira vez do PPD e assim que regressou a Mafra, em 1978, juntou-se ao Partido Social Democrata, tinha “24 ou 25 anos”. Juntou-se “pelos princípios programáticos, não por pessoas.” Mas admite uma “estima muito próxima por Francisco Sá Carneiro e pelos outros militantes que o rodeavam nesses tempos.” Mas em Mafra, recorda-se de um PSD sem “muito a ver com os tais princípios programáticos.”

Lembra-se da luta incessante que foi a tentativa de catequização das pessoas que se juntavam ao PSD pelo refúgio do Pós 25 de Abril. “O PSD estava em expansão e muitos juntaram-se não por convicção de filosofia ou de princípios, mas porque ou gostavam de Sá Carneiro, ou gostavam de “A” ou “B”. Essa foi a grande tarefa que nós tivemos aqui.”

“Atualmente”, para José Pestana, são os últimos vinte anos e, “atualmente”, os militantes reúnem com menos frequência, menos entusiasmo e menos espírito de missão. E relembra a altura em que, no seu mandato, se inverteu a situação local que era maioritariamente PS. “As pessoas ainda hoje votam PSD, mas não votam PSD por PSD, votam pela forma como foram tratadas e abordadas por nós nessa altura. Se era preciso irmos ao Bairro da Minhoca, íamos ao Bairro da Minhoca.”

Isto verificou-se em todos os pontos do concelho, mesmo naqueles onde eram mal recebidos, e em situações de agressões ou, como na Enxara do Bispo, onde eram recebidos a tiro. Mas José Pestana sublinha: “passámos de minoria para maioria e, depois, para maioria absoluta. Mas o trabalho é um trabalho daquele tempo. É um trabalho de base.”

A linha estratégica desse tempo era, no entanto, simples. Muito difícil e muito complicada, certamente, mas simples. É a mesma estratégia que o PSD nacional enfrenta hoje enquanto governo: “Nunca deixámos de ir, de dar a cara e enfrentar.”

Tudo isso era levado a sério, “trabalhávamos muito. E sem meios.” Eram muito ativos, mas tinham uma grande dificuldade em obter meios e hoje pergunta-se “quantas vezes nós pagámos muito do nosso bolso e das nossas vidas pessoais e profissionais para conseguirmos atingir objetivos.”
José Pestana recorda um episódio recente, num jantar do PSD onde foi reconhecido por indivíduo que o chamou de “chato” por “exigir” para o seu concelho, para a sua secção e para a sua estrutura. O que veio a verificar-se, depois da “chatice”, foi que “nós conseguimos dar a volta no concelho. É bom que as pessoas não se esqueçam que Mafra estava totalmente afecta ao PS e nós tivemos de inverter essa marcha. Sempre fomos muito, muito esquecidos pela estrutura, principalmente a distrital.”

O tempo foi avançando e José Pestana acabou por se “desencantar”, mas antes foi responsável por lançar José Ministro dos Santos. “Assumi o risco”, admite. O risco devia-se ao facto de Ministro dos Santos não ser conhecido em Mafra. “Assumi as despesas todas dessa proposta, a nível pessoal e profissional. A primeira campanha foi feita a partir do meu escritório.” Segundo ele, “era o momento ideal para lançarmos alguém mais novo.”

Quando o palco se ilumina para alguém mais novo, é muito difícil não se pensar no que ficou para trás e José Pestana lembra militantes como Henrique Canudo, Mourão Andrade (“naquele momento crítico de derrotar definitivamente o PS”), Filipe Abreu, Custódio Rodrigues Alves, Daniel Lourenço e José Maria dos Santos, entre muitos outros. “Marcaram aquela época, que deu o nosso arranque para estarmos hoje como estamos.”

Apesar disso, José Pestana é da opinião de que o PSD está a perder em Mafra. Uma das razões, segundo o próprio, é o de não se saber “distinguir duas coisas: o poder executivo no caso dos órgãos autárquicos e o poder e a direção da secção. São coisas permanentemente misturadas.” Considera ainda ser de um “egocentrismo total” quando o presidente da comissão política é o presidente da Câmara. Esta é, aliás, a pior recordação que José Pestana retira do PPD/PSD de Mafra dos últimos 40 anos.

Para o futuro, José Pestana tem uma certeza: “o PSD tem o futuro assegurado. Tem um grupo de jovens da JSD bastante ativo e interessado.”

Mas sublinha aquilo que considera ser o mais importante: os princípios programáticos do PSD. “O trabalho está feito, mas é preciso consolidar.”

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