A moda do socialismo e do comunismo
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01 Fevereiro 2015
Distrito: Lisboa Autor: João António dos Reis Corte-Real

A moda do socialismo e do comunismo

A política não existia para João Corte-Real até aos 20 anos, momento em que, no pós-25 de Abril se falava dos partidos um pouco por toda a parte. “Política, para mim não existia nunca… infelizmente.”

João António dos Reis Corte-Real lamenta não ter nenhuma “boa história de universidade, de presidente da secção de estudantes ou da associação de estudantes não sei de onde. Não tenho nenhum passado político anterior ao 25 de Abril, comecei a interessar-me depois.”

No Cacém ouviu pela primeira vez falar no Partido Popular Democrático, mas foi em Mafra que apareceram as primeiras pessoas que lhe deixaram uma marca positiva. “Tinha que se ser corajoso, em 1977, quando eu vim para Mafra, vocês não imaginam, desde tiros, a ameaças… era sofrer mesmo na pele”. E continua: “era moda ser socialista ou comunista, era uma moda, não se podia ser outra coisa, senão era-se fascista.”

A primeira pessoa foi o Sr. João Ramilo, o responsável pelo PPD em Cheleiros, onde Corte-Real tinha uma casa. O Sr. João Ramilo foi a casa de Corte-Real para lhe instalar uma antena no telhado. João Ramilo ficou a saber que João Corte-Real era professor e por isso era a pessoa indicada para ser cabeça de lista da Junta de Freguesia. Mas “não foi por acaso que ele me abordou assim. Não foi por eu ter 23 anos, 1,90 m e ser professor. Eu já pertencia ao Concelho Municipal de Mafra, fui eleito presidente da Sociedade Recreativa e Desportiva de Cheleiros e tinha namorado a minha mulher cinco anos antes de casarmos.”

E assim começou a aventura política de Corte-Real. Na primeira candidatura à Junta, ganha com maioria. “Começa aí como independente.” Só passado um ano é que se tornou, efetivamente militante. Mas não sem antes experienciar um episódio “À Lino!”

Quando foram tomar posse, o Sr. Lino disse que ele tinha de ser militante, e que já tinha com ele os papéis para proceder à inscrição. “À Lino!” Na reunião em que se inscreveu no Partido Popular Democrático estavam o Sr. Taveira e “não sei se o Sr. Filipe Abreu já lá andaria por lá. Estava o Sr. Daniel e mais algumas pessoas que agora não me lembro.” Depois da inscrição diz, com orgulho, que ajudou “a crescer” o PPD. E lembra os velhos tempos e os seus grandes rostos: “Primeiro José Pestana, segundo Joaquim Sardinha, para mim, foram as duas grandes pessoas dos velhos tempos. Éramos muito ativos, éramos putos. Não é fácil ir para a Enxara do Bispo e ser recebido a tiros.”

O seu primeiro presidente foi o Sr. Filberto Barquinha e depois confirma que com “o Zé e o Quim” disseram ao Sr. Barquinha para desistir.

Entrou depois para a presidência de Vale de Morais. Lembra-se de, no dia do seu aniversário, sair a meio do almoço depois do telefonema de José Pestana a dizer que precisava dele em Mafra, para “escrever umas coisas que o presidente vai ter de falar. Ficámos ali a escrever até às 5 da manhã.”

“Eu fiz sempre isto tudo sem nenhum esforço. Estava em todas. Era paixão, era uma coisa esquisita.” Depois desses tempos, João Corte-Real passa para a Assembleia Municipal e recorda os “anos de glória do partido.” “Foi o desenvolvimento do concelho, a todos os níveis. Desde o saneamento básico, aos transportes, às redes viárias, ao conforto. Tudo.”

Dos anos de glória, chegara a vez de Corte-Real se tornar o Presidente da estrutura local do partido, depois de “quatro ou cinco mandatos como vice-presidente, chega uma altura em que o Quim Sardinha não o pode ser, por causa da lei. Foi serviço ao partido.”

Do seu mandato recorda a continuação do trabalho normal e a necessidade “premente” de obras de recuperação na sede da Ericeira, que estava uma “lástima”. E da história do PSD assume-se um “cavaquista” colocando o professor Aníbal Cavaco Silva como a personagem do PSD que mais o marcou, além de Francisco Sá Carneiro.

Lembra-se da noite de 4 de Dezembro de 1980, quando um jornalista anunciou em direto na televisão que Sá Carneiro acabara de morrer no Cessna que se despenhara em Camarate. Ao ouvir esta trágica notícia e sem saber bem porquê, foi bater à porta do Major João Gomes “não sei porquê... eu sabia a morada do Quim Sardinha, do José Pestana”… e ouvia os gritos das pessoas na rua “vamos matar os comunistas todos, vamos buscar as espingardas.”

Essa foi a noite mais negra para João Corte-Real na história do PSD que gostaria de ver no futuro um “PSD mais militante, menos burocrata e tecnocrata. Viver mais o partido, poder dizer que ajudaram à construção daquela ponte, daquela escola, ou de um parque infantil”.

Ex-Presidente PSD Mafra
Líder de Bancada Municipal

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