A 22 de Dezembro de 1974, na freguesia da Lamarosa, concelho
de Coruche, um pequeno grupo de indivíduos intitulando-se membros do PCP
tentaram, por todos os meios, boicotar uma sessão de esclarecimento do então
Partido Popular Democrático.
Muitos dos presentes interrogavam-se sobre o “espírito
democrático” dos comunistas: seria aquele o modo de o mostrarem? Em actos como
aquele (que revelaram manifesta falta de preparação cívica e política), alguns
militantes ou simpatizantes comunistas procediam contra aquilo que o PCP, a
nível das cúpulas, tanto apregoava – o respeito pelo processo democrático.
As comissões de moradores
Logo após o 25 de Abril de 74, proliferaram as comissões de
moradores. O PPD de Coruche também tinha os seus representantes nas comissões
de moradores.
Não tiveram vida longa, é certo, mas, no fundo, simbolizaram
uma vontade genuína de colaborar com as populações em obras de beneficiação e
que pudessem ser um contributo positivo para a melhoria da qualidade de vida
das populações.
Ao lado dos rendeiros e seareiros
O mesmo espírito era notório num episódio que, pouco tempo
depois, marcou a história social-democrata do concelho de Coruche.
Um considerável número de pequenos e médios agricultores,
rendeiros e seareiros aderiram ao PPD, vendo no Partido um defensor
intransigente dos seus direitos e legítimos anseios.
Em Janeiro de 1976, um grupo de agricultores revoltados por
ter sido espoliado das suas terras, reuniu-se, na Associação de Agricultores,
para tomar medidas contra o avanço dos comunistas nas ocupações de terras.
Um dos rendeiros presente testemunhou que era rendeiro havia
já seis anos, dum terreno com um certo número de oliveiras. Pagou sua renda,
fez uma seara de tomate quando uma comissão, que nem sequer deixou acabar a campanha,
invadiu a seara, expulsando-o da terra. Deixaram o gado comer o feijão e o
tomate, apanharam a azeitona e nem um centavo lhe deram.
Exemplos como este multiplicavam-se um pouco por todo o
concelho de Coruche naquela época.
Nessa mesma reunião, o senhor Rogério Garcia David –
simpatizante social-democrata e prestigiado agricultor – propôs a nomeação de
uma comissão que representasse toda aquela falange de pessoas que foram
expulsas e espoliadas das terras que faziam de renda. Este apelo não foi em vão
pois, em Março seguinte, os seareiros e rendeiros, com grande determinação e
coragem, vieram para a rua lutar pela sua sobrevivência numa impressionante
manifestação da Associação de Agricultores junto à sede do I.R.A.
O nascimento da "jota"
Ao mesmo tempo, nascia em Coruche a Juventude Social
Democrata. O primeiro presidente da "jota" foi Eduardo Pereira da
Silva.
Do primeiro comunicado emitido constava um convite:
«Informamos a juventude de Coruche que foi criado nesta vila
um núcleo da JSD. Aguardamos a tua adesão ou apoio. Contacta connosco, ou na
sede, na Rua de Santarém, ou com os nossos militantes do núcleo do liceu de
Coruche.»
As primeiras acções
A 10 de Novembro de 1979, o PSD de Coruche realizou um
magusto na Herdade da Formosa, onde participaram cerca de 2000 pessoas.
O almoço foi seguido de sessão de esclarecimento, marcha
automobilística pelas rua da vila de Coruche e magusto até alta noite.