Um aperto de mão, um compromisso para a vida
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26 Outubro 2014
Distrito: Braga Autor: Luís Cirilo

Um aperto de mão, um compromisso para a vida

Tinha-me filiado na JSD de Guimarães em 21 de Janeiro de 1975.

Seis dias depois, a 27, o PPD realizava o seu primeiro comício em Guimarães, no Teatro Jordão com a presença de Francisco Sá Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa, Helena Roseta e outros dirigentes da altura.

Naquele tempo, em pleno PREC, e com um partido com pouco mais de meio ano de vida tudo era improviso, boa vontade e uma ponta de loucura.

Vivam-se tempos em que, de Norte a Sul, os comícios do PPD eram alvo de tentativas de boicote provocadas pelo PCP e pela extrema esquerda. Sabíamos que em Guimarães, ainda por cima com a forte componente operária do concelho, não seria diferente.

O Partido tinha a sua segurança garantida pelos militantes e pela JSD que, na base do voluntariado, davam literalmente o corpo ao manifesto. No dia anterior ao comício, tinham aparecido na sede de Guimarães uns companheiros vindos do Porto que reuniram com a malta da “jota” e alguns mais velhos para tentarem organizar a segurança do comício dentro daquilo que nos era possível fazer.

No dia, lá nos concentrámos todos no Teatro Jordão para ocuparmos os lugares que nos haviam sido destinados (entradas, quadro da luz, acesso ao palco) portando umas braçadeiras que diziam "SEGURANÇA" e que "pesavam" como chumbo a miúdos de 15, 16, 17 anos como a maioria de nós era. Penduradas as faixas e bandeiras, colocados os dísticos, restava-nos esperar pela hora do comício.

Foi então que tivemos o mais inesperado dos brindes. Por baixo do Teatro Jordão existia o restaurante Jordão, durante muitos anos uma referência de Guimarães. Pois no restaurante Jordão estavam a jantar os dirigente do PPD que iam participar no comício. E entre eles Francisco Sá Carneiro.

Foi então que um desses companheiros do Porto veio junto dos miúdos da “jota” dizer que aqueles que quisessem podiam descer ao restaurante (existia uma escada interior  a ligar os dois espaços) para cumprimentarem “o homem” (foi exactamente assim que ele se referiu a Sá Carneiro) e o conhecerem pessoalmente.

Para nós foi um alvoroço e um entusiasmo.

Lá descemos, em grupos de três ou quatro, para, com uma devoção explicada pela idade e pela aura do líder, cumprimentarmos o secretário-geral do PPD.

No meu caso, foi um aperto de mão que valeu como um compromisso de vida. E que, passados quase 40 anos, continuo a respeitar.

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