Para mim não é tarefa fácil falar do PSD, porque é uma
ousadia para – deixem-me dizer – um miúdo falar daquilo que é o nosso Partido,
destes 40 anos do nosso Partido no distrito de Santarém.
O PSD no distrito de Santarém não era muito diferente
daquilo que era no País, em 1974. O objectivo passava pela conquista da Democracia
e uma construção de uma sociedade plural, uma sociedade aberta a todos, uma
sociedade em que todos pudessem ter oportunidades iguais. Era aquilo que também
queríamos em Santarém. E foram tempos muito difíceis de afirmação e de coragem.
Em 1974, a facilidade de ser militante do PSD não era
a de hoje. Com a abertura, com a liberdade, quem se identifique com o nosso Partido
não é perseguido por isso. Em ‘74, as coisas não eram assim. Havia uma
dificuldade e, realmente, era de notável coragem aqueles que quiseram realmente
dar um novo significado ao que era a Democracia, o que era a política, o que
era realmente o bem pela sociedade. E estes homens e mulheres que, em ‘74,
tiveram essa coragem fizeram realmente uma revolução na Democracia portuguesa.
Comícios e sessões de esclarecimentos foram
boicotados; não os deixavam falar, eram apedrejados, havia escaramuças... Mas
continuaram. Continuaram e fizeram o que é hoje o PSD.
A nossa história começou com vocês todos e prosseguiu
aos dias de hoje com aqueles que sentiram que deviam ser militantes do PSD. E com
esses homens que eram os homens bons das terras, respeitados pela sociedade,
pelos valores, pelos seus princípios, e que, com as suas vidas, ajudaram o PPD
a nascer. Aqui no distrito foi muito mais fácil. No norte, em Mação, Sardoal,
Abrantes, Constância, Tomar ou Ferreira do Zêzere; e também no Oeste – Alcanena
e Vila Nova de Ourém ou Rio Maior – tivemos facilidades em começar, em nascer, em
ver florir aquilo que eram o laranja do PSD.
Devido às funções e características socioculturais de
Santarém, tivemos a sorte de as pessoas aceitarem bem o Partido. Mas noutros
concelhos do nosso distrito foi muito difícil. E quer em Torres Novas, na
Golegã, Vila Nova da Barquinha, Entroncamento ou Chamusca, houve muitas
dificuldades. Pior que esses havia outros, como Alpiarça, ainda hoje um bastião
comunista, não é? Almeirim, Salvaterra, Cartaxo, Benavente e Coruche, onde o
PSD tinha muitas dificuldades em proliferar... Houve um conjunto grande de
homens e mulheres do nosso distrito que não baixaram os braços; que disseram “nós
queremos que o PSD seja um Partido do nosso distrito”. Entre eles, Daniel
António, Anacleto Baptista, Firmino Matias, Abílio Mata, Elvino Pereira, a
Perpétua Marques, Pena Monteiro, Bento Baptista, o Mário Albuquerque, o João Serrano,
Joaquim Ferreira, Teixeira Antunes, Casimiro Gomes Pereira, Américo Santos,
Henrique Reis, Manel Inês, Bento Leão, o José Pulquério, o Pereira da Silva,
Porfírio Rodrigues, o José Poitier, Eurico Saramago – o meu amigo Eurico
Saramago –, José Alberto Roque, o saudoso Leonardo Ribeiro de Almeida, Adelino
Cruz, Helena Stoffel, Marques Montargil, António José Comilheiro, Vasco Sousa,
Carlos Ferreira, Guilherme Coelho dos Reis, Teixeira Lino, e muitos outros. Foram
os homens e mulheres que fizeram o nosso distrito laranja. A eles, muito
obrigado.
Foram esses homens e mulheres que deram o exemplo para
que o PSD hoje seja uma força muito maior neste distrito, que seja realmente um
Partido muito sólido, muito robusto, e com um grande futuro pela frente. E o PSD
nasceu, cresceu, organizou-se consolidou-se, começou a viver, a respirar e a
ambicionar novas fronteiras. E então, nas eleições de 1976 conquistou três
câmaras municipais: Ferreira do Zêzere, Mação e Rio Maior. Três anos depois,
conquistava oito câmaras municipais: cinco em coligação com a Aliança
Democrática – Alcanena, Mação, Rio Maior, Tomar e Torres Novas – e três enquanto
PPD/PSD: Constância, Ferreira do Zêzere e Vila Nova da Barquinha. Deixem-me
fazer um cumprimento muito grande aos cinco actuais presidentes de câmara deste
distrito do PSD. Dizer-lhes que tenho um orgulho enorme neles. Tenho uma
profunda admiração que eles sejam realmente os porta-estandarte deste Partido. Quero
realmente cumprimentar e reconhecer todos os autarcas, todos os presidentes de câmara,
vereadores, presidentes de assembleias municipais, membros de assembleias municipais
e presidentes de junta que, desde 1974, têm dado a cara pelo nosso Partido. E
são esses homens e mulheres a primeira voz das pessoas perante a política e quero
aqui deixar um grande agradecimento a todos os autarcas social-democratas desde
1974.
Do percurso do PSD como órgão distrital fizeram parte vários
companheiros, que não posso deixar de os referir: Casimiro Gomes Pereira, José
Manuel Pereira da Silva, José Eduardo Marçal, Miguel Relvas, Carlos Coelho, o
meu amigo Vasco Cunha e a Isaura Morais. E estes homens e mulheres foram
aqueles que, realmente, dentro dos princípios do PSD e dos valores fizeram com
que isto acontecesse nos últimos 40 anos.
O PSD também, com este crescimento, com esta
autonomia, com esta sustentação passou também a ter possibilidades e pessoas
que integravam governos. Tivemos uma pessoa que foi mesmo presidente da
Assembleia da República. Faço o reconhecimento a Leonardo Ribeiro de Almeida.
Foi um homem que realmente marcou o PSD no distrito mas que, acima de tudo,
levou o distrito, o nome de Santarém, a níveis mais altos.
Naquela altura, Santarém era reconhecido pelas pessoas
que estavam nos lugares cimeiros e Leonardo Ribeiro de Almeida foi marcante
para a história. Ainda hoje aqui comentávamos que Leonardo Ribeiro de Almeida
conseguiu fazer com que o Presidente Mário Soares fizesse uma revisão
constitucional. Era um homem de convicções, de valores, que hoje mostra aquilo
que são os homens do PSD no distrito de Santarém, que acreditam nos valores e
nos princípios pelos quais foram eleitos, mas acima de tudo acreditam naquilo
que podem fazer pelas pessoas. Um agradecimento ao Leonardo Ribeiro de Almeida
por tudo o que fez pelo nosso distrito.
Nos governantes tivemos o Vasco Portugal, Miguel
Relvas e Octávio Oliveira Todos eles, em cada acção que tiveram, em cada
atitude tomada, honraram, orgulharam e dignificaram o PSD. E eu, como presidente
da Comissão Política Distrital, muito me honra tê-los lá. Ter os que estiveram
e o Octávio que está agora, e dizer que realmente são para nós um grande
orgulho. Muito obrigado.
Tivemos muitos nomes que serviram o PSD, o PPD/PSD,
quer na Constituinte quer em diversas legislaturas na Assembleia da República: Joaquim
Silva Lourenço, Furtado Fernandes, Leonardo Ribeiro de Almeida, José Guilherme
Coelho dos Reis, Miguel Relvas, Mira Amaral, Carlos Coelho, Marques Guedes,
Morais Sarmento, António Fidalgo, Mário Albuquerque, Eduardo Casimiro, Anacleto
Baptista, Fernando Condesso, Casimiro Gomes Pereira, Abílio Rodrigues, Ribeiro
dos Santos, Paula Carloto, José Manuel Cordeiro, Pacheco Pereira, Pereira da
Silva, Vasco Cunha, António Campos, Pedro Marques, João Moura, Natália
Carrascalão, Anabela Matias, Humberto Lopes, Mário Santos, Maria Isilda
Aguincha, Carina Oliveira, Duarte Marques. A todos eles quero fazer um grande
agradecimento, porque só quem está como deputado, só quem passa pela Assembleia
da República, só quem sabe o que é assumir as dificuldades, dar a cara e lutar
pelos problemas de um distrito é que pode perceber que estar na Assembleia da
República não é, muitas vezes, a função em que todos julgam que tudo é fácil e
aparece feito... Traz realmente muitas dificuldades. E estes homens que fizeram
isto, que fizeram o que fizeram por Santarém, e que conseguiram as conquistas
que tivemos até hoje, merecem todo o nosso reconhecimento. E, portanto, aos
deputados, os que foram e os que são, quero dizer que, além de ser do PSD
distrital e terem todo o nosso apoio, é um grande orgulho tê-los como os nossos
representantes na casa da Democracia.
Mas também temos uma representatividade fora da
Europa! E não nos podemos esquecer do Carlos Coelho, o nosso companheiro Carlos
Coelho que é o nosso deputado europeu que tem estado na Europa. Santarém não se
limitou a ficar dentro das portas, saiu lá para fora. Estes foram aqueles que
tiveram a oportunidade para representar o PSD. Haverá muitos mais no futuro.
Mas sem todos os militantes, sem este Partido enorme, sem este Partido que nos
leva a qualquer lado, que nos dá este apoio, não era possível a nenhum destes
nomes ter estado onde estavam. Se há alguém que temos que reconhecer, nós que
estamos nestas funções, é o Partido e os nossos militantes.
Somos uma família e é com grande orgulho que eu
pertenço a esta família. Quero dizer-vos que é um orgulho pertencer a um Partido
que soube evoluir no tempo, sem deixar o seu vínculo social-democrata, sem
deixar a preocupação com os que mais precisam. É um orgulho pertencer a um Partido
que além de ter sido já chamado para governar o País, teve na sua história o
espírito de missão, a coragem e a força para recuperar Portugal três vezes de
uma situação de resgate financeiro externo como estamos a viver agora. E só um Partido
com uma força interna muito grande, que assume que a prioridade é Portugal, tem
coragem de assumir o País nas condições mais difíceis, nas condições mais
austeras, nas condições mais ríspidas, e fazer disso a sua causa e o seu
espírito de trabalho. O PSD é feito disto, é feito de espírito de
combatividade, é feito de causas, é feito de amor por Portugal, é feito por
aqueles que realmente interessam – que são todos os portugueses.
Orgulho-me também de um Partido que acredita que
consegue fazer com que cada um que faz parte da sociedade, cada um deve fazer
mais pela sociedade, e não esperar que a sociedade faça por ele. Um Partido que
defende o Homem como um indivíduo de plenos poderes; que pode ter propriedade
privada, mas que nunca esquece um Estado Social que ajuda os que mais precisam.
Um Partido que trabalha para defender os interesses de um povo e não para
defender um grupo de interesses. Um Partido de causas que na diversidade e na
disputa interna faz disso uma mais-valia para crescer, para se tornar mais forte.
Um Partido que é feito de história, com a história que todos nós construímos.
O Partido seremos sempre todos nós e sem todos nós não
há PSD. Quero terminar com Sá Carneiro. E quero terminar exactamente naquilo
que Sá Carneiro defendia, e que disse no discurso de encerramento do VI
Congresso do PSD: «No PSD não há urbanos, nem há rurais. No PSD não há
liberais, nem socialistas. Não há massas, nem vanguardistas. No PSD há, sim,
portugueses e sociais-democratas, porque todos os que estão no PSD são portugueses
e sociais-democratas. Somos todos feitos da mesma massa».
Viva o PSD! Viva Santarém! Viva Portugal!
Deputado Nuno Serra, presidente
da CPD de Santarém. Intervenção realizada na conferência do ciclo A Social-Democracia
para o Século XXI realizada em Santarém.